domingo, 11 de abril de 2010

O versátil Estado de Hobbes


Grupo As Virtús 
 Thomas Hobbes foi um pensador Inglês do século XVII, que como outros baseou seu pensamento no iluminismo e principalmente no racionalismo. Algumas de suas ideias são atemporais, presentes até hoje no conceito do Estado Moderno. Em sua teoria defendia que os homens são iguais e por isso almejam os mesmos objetivos, o que consequentemente gera conflitos (estado natural). Esta “guerra de todos contra todos”, o caos social, é evitado através do contratualismo, ou seja, a criação do Estado.         
            
             Uma das questões levantadas por Hobbes que ainda é muito forte na conjuntura atual é a idéia da “Espada pública”, ou seja, do papel de mediador exercido pelo Estado que rompe com as relações de desconfiança e competição entre os homens, assegurando-lhes, portanto, a paz. Este conceito propõe a legitimação do uso da força por parte do Estado. É notável como governantes atuais se utilizam freqüentemente deste recurso tanto de forma negativa quanto positiva. A polícia, por exemplo, é utilizada como um meio de proteger, auxiliar a população, e, ao mesmo tempo, como uma forma de conter, através da violência, aqueles que se opõe ao pensamento governista. Pode se identificar essa conduta em casos muito recentes. Em Cuba, por exemplo, a manifestação das “Damas de Branco”, composta por esposas, mães e filhas de dissidentes políticos, foi reprimida pelo Estado. No Irã, os protestos que reivindicam liberdade religiosa são constantemente oprimidos de forma brutal.          
             Como afirmado acima, alguns conceitos de Hobbes estão visivelmente presentes na sociedade contemporânea.  No entanto, há certos aspectos idealizados em sua teoria, dos quais os governos se encontram muito distantes. Ele defendia, por exemplo, que o Estado conseguiria romper com as relações de desconfiança e competição entre os homens, assegurando-lhes, portanto, a paz. Porém, não é isso o que ocorre. Um exemplo claro é o sentimento de insegurança presente na população. Mesmo com a presença da “espada pública” as pessoas se sentem desprotegidas e por isso continuam trancando suas portas, instalando alarmes e até mesmo andando armadas. Um filme que aborda essa questão de forma crítica é o documentário “Tiros em Columbine”. Outro aspecto no qual os governos falham é a constante ocorrência de guerras civis. Conflitos como o ocorrido em Ruanda, que casou a morte de quase um milhão de ruandeses, e na cidade do Rio de Janeiro, onde se criou um poder paralelo aliado ao narcotráfico, demonstram a fraqueza dos Estados que não conseguem controlar as disputas e, portanto, não evitam o “caos social”.
    Apesar de idealizada em certos aspectos, a teoria de Hobbes se reflete em diversos tipos de governo, desde o ditatorial até o democrático. E através disso, é possível perceber o quanto é difícil organizar uma sociedade sem o papel do mediador exercido pelo Estado.

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