domingo, 11 de abril de 2010

Hobbes na Ilha



Grupo Em Pauta



Thomas Hobbes, intelectual inglês que viveu entre os séculos XVI e XVII, foi fortemente influenciado ideologicamente pelas Revoluções Burguesas as quais marcaram tal época. Uniu em seu pensamento o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de Descartes, distanciando-se da intuição e da fé, que até então eram os embasamentos da sociedade.




Por conceitos hobbesianos, a organização social deve ser contratualista, ou seja, deve ser mediada por um contrato, visando evitar a selvageria, a barbárie. Sendo assim, contrato seriam as regras que por sua vez geram outras relações contratuais para a manutenção da ordem.

Não seria absurdo dizer que as idéias hobbesianas ainda estão vivas no parâmetro castrista. Cuba é o caso mais expressivo da perda da liberdade e da natureza humana em prol do contratualismo. Sua população, em 1958, ao apoiar a instauração de um regime comunista autoritário, abdicou de sua liberdade.

Ficou famoso o episódio ocorrido nos jogos Pan-Americanos de 2007, quando o jogador de handebol Rafael Capote e o treinador de ginástica Lázaro Lamelas Ramírez, ambos cubanos, pediram asilo político no Brasil para que não precisassem voltar ao seu país de origem após o término da competição. Também não é incomum as notícias de fugitivos que abandonam a ilha a nado, em busca de melhores perspectivas de futuro, muitas vezes idealizadas no estilo de vida democrático norte americano.

Negar o governo vigente, seja ele qual for, é um ato condenado na teoria hobbesiana, já que, quando um soberano alcança o poder através de uma escolha popular, o povo trava um pacto com ele, legitimando-o como estado. Nessa ótica, a autoridade do governante é indivisível, a não ser que o mesmo decida por fazê-lo e, aparentemente, Fidel segue estritamente essa conceituação.

Para o pensador inglês, a igualdade e geradora de conflitos e Cuba é a prova disso, uma vez que o governo ideologicamente igualitário, ao longo do tempo perdeu parte de sua credibilidade inicial, o que não foi por acaso, já que, ao invés de lutar pela manutenção da ordem, luta-se por papel higiênico. Apesar de parecer irônico, isso é um fato. Apenas uma fábrica produz papel higiênico em todo o país e em quantidade insuficiente para a demanda e, quando é encontrado, custa além do que o bolso de um trabalhador pode pagar. Faltam também outros produtos básicos como sabonetes e absorventes. O governo, portanto, não soube como cumprir o contrato, no qual prometia a ordem e a glória.

Pode-se também citar a falta de propriedade privada como um dos motivos da discórdia e o descontentamento da população com o governo, presidido por Raul Castro, seguidor da lógica do governo de seu irmão; pois essa ausência propicia a explicitação da natureza humana, a tão famosa ‘guerra de todos contra todos’, onde o homem busca incessantemente diferenciar-se. Como diria Thomas Hobbes: ‘o homem é o lobo do homem’ e o governo não está conseguindo evitar essa selvageria natural.

Quem sabe o “Castro da vez” não devesse se preocupar em atualizar seus métodos governamentais e entender a importância desse mundo novo que se mostra, pois só assim conseguirá guiar seu povo junto a ele, não permitindo que esse se afaste. Tal medida não significa uma rendição ao capitalismo, mas um reinventar do propósito ideal inicial, sem radicalismos. Nada mais existe apenas no individual, mas no coletivo somando-se a esse individual. Fica subentendido no isolamento a compreensão de si e o povo cubano não se compreende mais.

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