domingo, 11 de abril de 2010

Hobbes entre as quatro linhas


Grupo Seis Poderes

São 11 jogadores em campo, se encarando. Os dois times querendo a taça e ambos a merecem. Ambos venceram suas limitações. Entretanto, só um pode sair com a taça. E para cumprir tal objetivo, ambos estão dispostos a tudo.


É quando entra no jogo a figura do juíz, homem que vai arbitrar a partida, que vai ditar até onde os concorrentes podem ir para conseguir o que querem, um time ou outro, de maneira justa. Para tanto, ele se utiliza de cartões, faltas e penaltis.

O jogo começa; a posse da bola alterna entre o time azul e o amarelo. A partida parece indefinida, as habilidades dos atletas são muito parecidas. Aos vinte e três minutos do primeiro tempo, Carlos Alberto se encontra na área frente ao gol e, sem pensar, chuta contra a meta. Pra fora!

Na volta ao meio de campo, o jogador escuta de seu treinador:
- Passe a bola! Tinha um companheiro em melhor posição.
O ego do homem fica retratado. Ele tende a achar-se sempre melhor do que seus companheiros e/ou concorrentes.

Ao fim do primeiro tempo, o placar não mudou e o treinador, enquanto figura soberana do time, apela para o senso de sociedade dos jogadores, que se comprometem a atuar em grupo durante o segundo tempo. O time entra com uma postura diferenciada. Agindo de acordo com o combinado e conseguindo enxergar seus companheiros de maneira menos prepotente, os jogadores do time de Carlos Alberto, o time amarelo, conseguem fazer um gol no meio do segundo tempo e ganhar a taça.

Ao entrevistar os jogadores do time sobre sua vitória, eis o resultado: “seguindo as orientações do professor, o combinado, o contrato, tivemos como recompensa a taça.”

No meio de um campo de futebol: Homens cujo objetivo comum é fazer gol e ganhar o jogo. Sem juiz e sem regras, tais homens lutariam de todas as formas possíveis para conseguir cumprir tais objetivos. Usariam-se de força bruta contra seus adversários, haveria um caos, de fato, uma grande guerra de todos contra todos em busca da bola, em busca do gol. Alguns homens morreriam.

Os individuos que praticam tal jogo querem um mais segurança, para tanto precisam de alguem que esteja vigiando, precisam de regras que possam regir as partidas, que contribuia para que o tudo possa fluir de maneira a não existir o completo caos, de maneira que todos os homens tenham direito a um jogo limpo. Para tal direito existir, é necesssário que esses homens abram mão de sua liberdade completa em prol de um individuo que vai comandar seu time e de um leviatã, de uma representação da organização das regras do jogo, aquele que o vai arbitrar e o regir para garantir que as regras outrora estabelecidas pelos jogadores sejam, de fato, cumpridas.

Um jogo de futebol, tanto quanto uma sociedade, é regido por regras, é regido por uma hierarquia, se em algum momento, alguns dos participantes do jogo tentar descumprir o contrato feito em torno dessas regras, o juíz (a figura que arbitra o jogo) terá o direito de punir esses rebeldes. Para isso ele possiu o poder de punir com cartões amarelos, com faltas, com o próprio cartão vermelho que caracteriza a expulsão do jogo.

Pode-se observar, portanto, que as teorias hobbesianas podem ser facilmente identificadas em um jogo de futebol. Isso porque política é, antes de tudo, relação de poder, e esta se encontra em todos os tipos de relações humanas, inclusive no lazer.

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