segunda-feira, 12 de abril de 2010

Assistente dos libertadores


Grupo Jornaleiros

 Autor de renome e de grande impacto intelectual, John Locke influenciou com suas idéias alguns dos grandes nomes da História, entre eles Simon Bolívar, revolucionário venezuelano e um dos “Libertadores da América”.


            Durante o processo de independência dos países da América Latina, Simon Bolívar disseminou seus ideais por muitos povos, a fim de convocar as populações colonizadas a lutar por sua liberdade e identidade. É aí que aparece a influência de John Locke, que escreveu em sua obra: “A liberdade do homem, na sociedade, é não se submeter a nenhum outro poder legislativo, senão o estabelecido mediante assentimento no país, nem ao domínio de qualquer vontade, ou restrição de qualquer lei, senão daquela que o legislativo promulgar, segundo a confiança nele depositada”. Desse modo, a insatisfação do povo em relação à metrópole era um grande argumento para Bolívar colocar em prática em sua caminhada em direção a libertação das colônias, provocando uma revolução, defendida por Locke neste excerto: “Tomar e destruir a propriedade dos cidadãos ou reduzi-los à escravidão [coloca um governante] em estado de guerra com o povo, que fica doravante desobrigado de qualquer obediência ulterior e é abandonado no refúgio comum que Deus propiciou a todos os homens contra a força e a violência”.

            Ainda no contexto dos dois trechos retirados das obras de John Locke, é possível destacar o conceito de democracia, que segundo o autor daria e seria o único fundamento da autoridade do governo em questão. Bolívar concorda com a idéia quando diz: “Somente a democracia, no meu conceito, é suscetível de uma liberdade absoluta.” Foi isso que o revolucionário pregou até assumir o poder, já que depois disso seu governo pareceu mais autoritário do que democrático. A vontade do povo era a mola mestra dos ideais de ambos.

Outra concordância entre os dois personagens se dá na questão da participação da religião no Estado. John Locke apresentou sua visão sobre o assunto em sua Epistola de Tolerantia na qual defende a liberdade religiosa em amplo sentido, e propõe a separação total dos poderes político e religioso. No excerto a seguir retirado do manisfeto lançado no Congresso Constituinte da Bolívia, Simon Bolívar explicitou sua posição diante do assunto: “A religião é a lei da consciência. Toda a lei sobre ela a anula, porque impondo a necessidade tira mérito à fé, que é a base da religião. Os preceitos e dogmas sagrados são úteis, luminosos e de evidência metafísica; todos devemos professá-los, mas este dever é moral, não é político.”. Assim como Locke, Bolívar tolera a religião, desde que essa não interfira na política do Estado.

            Por fim, qualquer comparação entre John Locke e os movimentos liberalistas é válida, assim como a influência de suas idéias nas democracias modernas. Ainda que Simon Bolívar só tenha utilizado algumas dessas teorias no período anterior à tomada do poder.

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