domingo, 21 de março de 2010

Mentes despreparadas, medidas desesperadas

Grupo Jornaleiros

A partir da leitura de fragmentos d’O Príncipe, podemos estabelecer conexões entre os conceitos de Maquiavel com acontecimentos recentes. Uma das conexões mais relevantes é aquela que pode ser feita com George W. Bush, ex-presidente dos Estados Unidos da América que causou polêmica internacional por sua política externa.

Uma das mais célebres frases de Maquiavel é aquela em que ele diz que “os fins justificam os meios”. Analisando o comportamento e as práticas do governo Bush, como a invasão no Afeganistão, torna-se inevitável a comparação. Ao declarar guerra contra organizações terroristas da nação asiática, a fim de vingar os ataques de 11 de setembro, não foram levadas em conta as conseqüências que tais ações desencadeariam no mundo. O único objetivo era reafirmar a soberania dos EUA pela intimidação e força.
Outro conceito maquiavélico que é possível relacionar ao governo de George W. Bush é o de fortuna e virtú. Por fortuna, podemos entender aquilo que é imponderável, que acontece ao homem sem razão explicável (a grosso modo, é o que chamamos de sorte). O significado de virtú vem de virtude, ou seja, a capacidade do homem de calcular suas ações, seja em situações adversas ou não. Foi esquecendo do conceito de virtú que Bush ordenou a invasão norte-americana no Iraque: sem ter um planejamento real de ocupação, pensou primeiro em encontrar uma justificativa para ela, e assim que o fez, procurou levar seus métodos pouco ortodoxos para que a população se adaptasse a eles (como ocorrera no Afeganistão). Entretanto, as dificuldades encontradas surpreenderam os norte-americanos e seus aliados, mesmo com toda a superioridade bélica.

As medidas utilizadas para manter a hegemonia mundial nesse caso, que remetem ao clássico “Big Stick” (que colocava os EUA como a polícia, a fim de manter a hegemonia norte-americana no campo econômico na América Latina), mostram como não agir ao comandar um Estado. Fazendo outro paralelo com O Príncipe, o fato de as ações não terem sido bem vistas pela maioria dos países, inclusive pela população dos Estados Unidos (prejudicando a imagem de George W. Bush dentro e fora da maior potência mundial) vai de encontro com a idéia de Maquiavel de que os príncipes devem evitar serem odiados. Ainda mais porque, segundo o italiano, o pensamento externo pode desestabilizar o pensamento dos cidadãos, podendo ocasionar uma queda de popularidade do príncipe (o que de fato aconteceu com o ex-presidente norte-americano, que entregou o cargo a Barack Obama com uma baixíssima popularidade).
Como foi possível observar, o governo de George W. Bush (2000-2008) é uma amostra de como não se governar, pela ótica do italiano Nicolau Maquiavel, autor de uma obra atemporal que provavelmente foi e ainda será o livro de cabeceira de muitos líderes mundiais.
 
Recomendações:

System of a Down - B.Y.O.B

Livros
A caminho de Cabul e Bagdá – Relatos dos conflitos no mundo islâmico, por Jason Burke (Jorge Zahar Editor, edição 2008)

2 comentários:

  1. Adorei o texto! Relacionar que "os fins justificam os meios" com o ex-presidente Bush foi uma idéia ótima; afinal a guerra contra o terrorismo (argumento usado por ele para invadir o Iraque), é claramente um fim que aos olhos de Bush e dos americanos, na época, justificavam gastos financeiros e de vidas, além da reprovação de grande parte do mundo e da ONU.

    Marta Barbosa dos Santos
    Grupo: O quarto poder.

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  2. A relação entre fins e meios encontradas no pensamento de Maquiavel pode ser oportuna para analisar a atuação do ex-presidente americano. Creio que é importante pontuar que as reações contrárias por outras nações não foram imediatas, principalmente se considerarmos que vários países também enviaram tropas para o Iraque.
    Cabe ressaltar, que os movimentos sociais foram contrários à ocupação desde o início.
    Rose

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