A história da humanidade sempre foi repleta de transformações. Montesquieu foi um dos pensadores que além de notar as mudanças que estavam ocorrendo, queria entendê-las. Seu principal objetivo era entrelaçar o que era tradicional com aquilo que era moderno para que a nova ordem - a qual regia a sociedade - que surgia da Revolução Industrial, não causasse uma ruptura para sua classe social. O engajamento do pensador nessa tentativa de ter o passado e o presente na vida é observada nos dias de hoje, nas instituições escolares.
O estudo sobre duas correntes divergentes como o criacionismo e o evolucionismo nas escolas religiosas fundamenta o que Montesquieu propunha. O criacionismo é o principio básico para a Igreja Católica, mas tal concepção não que dizer que, necessariamente, o estudo nas escolas católicas será fadado a dogmas sacros. Pelo contrário, cada vez mais o evolucionismo ganha espaço no universo deste tipo de instituição por meio de aulas na grade curricular como a biologia e a ciência. Outra mudança foi na maneira sobre como as aulas de Ensino Religioso se modificaram ao longo dos anos. O conteúdo das aulas, que antigamente era voltado apenas para os ensinamentos da tradição e moral católica (sacramentos, rituais da fé, leitura clássica da bíblia), se tornou mais dinâmico e contextualizado. O estudo dedica-se em ensinar aos alunos sobre outras religiões, culturas e a presença do Transcendente na vida cotidiana.
A própria história sobre Charles Darwin, criador do evolucionismo, é repleta desta ambigüidade entre o pensamento religioso, o tradicional, e o científico, sua base de estudos. “O homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva”. Esta citação marca bem o pensamento Darwinista e sua oposição ao Criacionismo, um dos dogmas da Igreja. A briga de Charles Darwin se deu com a Igreja Anglicana e com a Igreja Católica. O mesmo encontrou dificuldades e enfrentou conflitos internamente em relação à sua fé, apesar de ter estudado teologia anglicana em um dado momento de sua vida, fato este que o aproximava de idéias mais religiosas. Entretanto, com sua expedição à bordo do brigue Beagle, a fim de fazer o levantamento cartográfico das costas da parte sulista da América do Sul, dentre outros objetivos, sua visão foi se modificando para então chegar a tornar-se o que conhecemos por Darwinismo.
Em 1951, a Igreja Católica admitiu, depois de quase 100 anos de resistência, através da Encíclica Papal Humanis Genesis, a ascendência biológica do homem. O Papa João Paulo II afirmou que “No Gênesis, a criação do mundo, e Adão, o primeiro homem, levou seis dias. Mas, de acordo com os cientistas, o processo da evolução da mutação genética e seleção natural - a sobrevivência e proliferação das melhores espécies levou bilhões de anos...", existindo compatibilidade entre a Bíblia e as teorias de Darwin. Tal acontecimento é, mais uma vez, incluso no pensamento que Montesquieu obtinha sobre a importância da tradição com a modernidade.
A mudança da ordem social também é observada, uma vez que, assim como na época em que Montesquieu viveu – próximo à Revolução Industrial – percebe-se que não é apenas a cultura sacra, ou melhor, a religião, que rege a nossa sociedade. A ciência e todo seu aparato tecnológico são, cada vez mais, o fluxo por onde caminha nossa vida. A dinâmica social acabou mudando porque os valores deixam de ser aqueles observados em períodos distantes da história humana, assim como Montesquieu previa que uma grande revolução/ mudança estava para acontecer na vida civil.
O debate a respeito das ideias criacionistas é muito relevante e vem ganhando bastante espaço na atualidade. Penso em algumas ponderações em relação ao texto elaborado. Montesquieu foi o autor que mais avançou no que diz respeito à fundamentação da separação entre Estado e poder divino, portanto: qual a relação do pensador com o criacionismo? O texto apresenta um visão em torno do criacionismo, mas talvez essa não seja a visão mais presente.
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