sexta-feira, 9 de abril de 2010

O que Hobbes tem a ver com a Rússia?

Grupo Apolíticos 


“Na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória.”


            A luta pelo espaço, a eterna disputa pelo poder e a sempre presente desconfiança do próximo são, segundo Hobbes, características naturais do ser humano. A fim de evitar o caos nas relações sociais, o Homem idealizou um pacto, um conjunto de leis que através de “um homem artificial”, um mediador, pode-se definir onde começam e terminam os direitos e deveres de cada um.


            Para assegurar o cumprimento do pacto, cada Estado, o “indivíduo” das relações internacionais, possui um exército, que dentre outras funções, também é responsável para que propriedades, como a soberania, sejam mantidas. Quando algumas minorias lutam pela autonomia de um espaço físico dentro do campo de influência do Estado, cria-se uma competição pelo território. Há um choque de interesses entre população e Estados (ambos desejam a mesma coisa), esse desejo comum gera atritos e consequentemente uma ruptura no pacto social de Hobbes.

            Conflitos como esses são muito comuns no leste europeu, principalmente após o fim da antiga União Soviética. Repúblicas autônomas como a Chechênia e o Daguestão, que possuem população majoritariamente muçulmana, buscam a criação de um Estado independente que seja governado conforme a lei islâmica, a sharia. Para alcançarem este objetivo levam à competição pelo espaço e a hegemonia local, práticas suicidas e terroristas. Conflitos armados entre os chechenos e o exército russo já causaram aproximadamente 150 mil mortos no período entre 1993 e 2004. Vladmir Putin, atual primeiro ministro russo, que entre 2000 e 2008 foi o presidente do país, ganhou destaque na política internacional devido ao rigor contra rebeldes da Chechênia durante os dois períodos de conflito armado.

            Recentemente um atentado praticado por duas mulheres-bomba em um trem subterrâneo de Moscou vitimou 40 pessoas e feriu outras 90. Doku Umarov, líder do movimento separatista checheno assumiu a responsabilidade pelo atentado. Putin declarou em relação a este atentado: “Tenho certeza que conseguiremos - e os arrastaremos do fundo dos esgotos e os traremos para a luz do dia (...)”.
   
            A disputa do Estado Russo com o grupo separatista checheno ilustra a competição que nesse caso é por um espaço físico comum. Sucessivos atentados terroristas provocam a desconfiança entre os russos ortodoxos sobre qualquer indivíduo de etnia ou religião diferente, logo muçulmanos são hostilizados e estereotipados como terroristas. Putin e seus correligionários buscam a glória de erradicar a ameaça e manter a integridade física das fronteiras russas.

         Portanto a proposta de Hobbes é válida e aplicável ao caso da Rússia e dos movimentos separatistas. A disputa pelo poder torna o homem capaz de fazer uso de meios violentos e cruéis para alcançar seu objetivo frente ao inimigo. O “homem artificial” (o que chamamos hoje de Estado) proposto por Hobbes tem se mostrado, em alguns casos, incapaz de manter a ordem e a paz entre os homens.

2 comentários:

  1. Esse texto foi elaborado pelo grupo Pauta Livre, por alguma falha na postagem, o nome não está aparecendo.

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  2. Ahn? Nao entendi o comentário, esse texto é do nosso grupo: apoliticos !
    Acho que o anônimo acima se confundiu!!

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